13 de agosto de 2006

Moldura

São nelas que com orgulho colocamos as nossas melhores recordações. Fotos de pessoas queridas, nossos diplomas, as mais belas paisagens, recordações de lugares, de pessoas, de momentos que nos fizeram bem. Toda vez que olhamos a cena do que passou e do que conquistamos, temos a vontade de voltar o tempo, e sentir novamente aquele gostinho de satisfação e conquista.

A moldura serve p/ isso, recordar. Trazer à memória aquilo que foi prazeroso. Mas há certas coisas das quais ninguém gosta de recordar “são as derrotas” que gosto de chamar de aparentes derrotas, porque com o passar do tempo percebemos que não eram tão ruins assim, e que de fato precisávamos delas. Nunca peguei alguém colocando em uma moldura um certificado de reprovação ou uma foto que não gostou. Essas coisas geralmente queremos esconder p/ que ninguém veja, e muitas vezes queremos escondê-las de nós mesmos. Queremos esconder a nota baixa , queremos esconder a foto feia , queremos esconder o amor não correspondido, queremos esconder que fomos traídos , queremos esconder que traímos , que falhamos , que não nos dedicamos o suficiente, que não cuidamos bem do nosso trabalho , que não cuidamos bem dos nossos amigos . Sim, todas essas coisas queremos esconder, procuramos deixá-las em uma caixa bem trancada e com a chave guardada em um lugar seguro , de modo que se possível até nós nos esqueçamos onde a colocamos. Mas, hoje penso que esses aparentes certificados de derrota devem ser colocados em uma moldura e que toda vez que olharmos p/ eles possamos tirar uma lição daquela situação.

Que a foto feia sirva para que no próximo clique estejamos com um sorriso mais aberto, que o amor não correspondido sirva para que entendamos que aquela pessoa não nos merecia, enquanto lhe oferecíamos vinho e poesia, ela preferiu o sanduíche da barraquinha de cachorro quente da esquina. Que a traição nos sirva para que da próxima vez sejamos mais cautelosos no depositar da nossa confiança, e lembrando as palavras de Frejat “para que não deixemos de duvidar”. Que quando trairmos, possamos perceber que mais do que ao outro, nós traímos a nós mesmos, a nossa palavra, que precisa ter valor ainda que não se registre em cartório. Quando perdermos um amigo por negligência nossa, possamos colocá-lo em uma moldura, e que isso nos sirva de lição para que entendamos que na vida o que temos de mais importante são as pessoas, e que devemos cuidar delas como o nosso bem mais precioso para que não venhamos a perdê-las.

Todas essas aparentes derrotas e tantas outras que encontramos nessa estrada da vida , pedras que as vezes nos fazem tropeçar e muitas vezes chorar muito, devem ser colocadas em uma moldura, mas que ao olharmos para elas não sejamos tomados por nenhum sentimento de auto piedade, e sim de reflexão e de aprendizado, porque situações semelhantes surgirão no curso dessa vida e a recordação de como foi ontem servirá de lição para que hoje sejamos melhores.

Em uma moldura ao lado de nossas conquistas e das nossas melhores recordações devem estar as nossas aparentes derrotas e assim entenderemos o que o poeta quis dizer “Esta é a única vida e contém inimaginável beleza e dor”.

Escrito dia 03 de agosto.

Rabisco de caderno que não pensava postar.

10 comentários:

José de Morais disse...

Precisamos das memórias tristes tanto quanto das felizes.

Anônimo disse...

Necessária reflexão! Às vezes, para fugir do que é comum, faço questão de colocar as minhas fotos feias nos álbuns. Um abraço carinhoso, Aline

Anônimo disse...

Necessária reflexão! Às vezes, para fugir do que é comum, faço questão de colocar as minhas fotos feias nos álbuns. Um abraço carinhoso, Aline

Anônimo disse...

Nossa que texto maravilhoso Helen, lindo demais! Amei :o)
Ah tbm toh com saudades de vc, precisamos nos encontrar com mais tempo no msn né?
Ah já disse que amei a aparência do seu blog?
bjus linda

Pathy disse...

Oi Helen!!
Já tinha visto que vc tinha mudado o template de novo, mas só agora estou conseguindo postar um comentário.. rsrsrs

E adorei esse seu post! Muito legal o que vc escreveu!!!

Bjo

Anônimo disse...

Ooiiee. Rabisco de caderno elegante hein =)
Sim, enmoldurar só as aparentes conquistas deve nos tornar orgulhosos demais.
bjs

fjunior disse...

confesso que faz um tempo aprendi a conviver e mesmo admirar minhas derrotas e falhas, lógico, que no bojo todo, tem aquelas fatais, das quais até hoje me envergonho... mas a vida é mesmo assim, não é verdade?
beijos

Anônimo disse...

Visitei pra ler
Coloquei o endereço
Na minha agenda
Porque gostei

Senhora
Tenha mais um bom dia

Anônimo disse...

Coisas, coisas
vos disse por excesso
e não vi dor no silêncio,
por ser pura, a distração.

Pela intenção da semente, Carlos Alberto Coelho

Anônimo disse...

Muito obrigado pela força !!!
Beijos