Na portaria de uma penitenciaria juvenil, chega uma pedagoga para fazer uma entrevista na escola da instituição, considerada pela ética capitalista como "humana”, ou seja, boa senhora branca de classe média e que pode consumir, que fora se candidatar a um emprego de orientadora daqueles que são inferiores e marginalizados, e carentes dessa humanidade, ou seja, em sua maioria negros, de classe baixa, e que não aprenderam as regras de contrato social, ou se aprenderam não quiseram se submeter a elas, talvez porque em um país como o Brasil é muito mais propicio que as pessoas com um nível sócio econômico baixo e que são supostamente desprovidos dessa humanidade, ou seja, não são brancos , não são consumidores em potencial e por isso não são humanos, busquem outras formas de emprego que pode lhes proporcionar aquilo que aprendemos durante toda a nossa vida ser o mais importante "o ter", ter o tênis da marca, a jaqueta de couro e etc.
Durante as devidas apresentações na portaria, o medo expresso pela senhora, chega perto de uma garota, que está a esperar também na portaria e pergunta:
O que você faz nesse lugar?
A moça responde com extrema tranqüilidade - Sou voluntária aqui
A surpresa da senhora deixa a menina constrangida - Você é maluca de vir em um lugar desse , você não recebe nada por isso? (acho que ela não conhecia o significado da palavra voluntário, mas tudo bem continuemos).
Você é psicóloga?
- Não, responde a garota.
E a senhora se apresenta da seguinte forma, como se ali houvesse alguém interessado em saber de suas posses, talvez porque elas designassem que ela era uma cidadã de bem e não mãe de um menor infrator.
"Que horror seu guarda, eu tenho pavor desse lugar, minhas filhas estudam no ...., eu moro em um condomínio, meu carro tem o nome do colégio das minhas filhas e o endereço da minha residência, estou de óculos escuros, porque não quero ser reconhecida na rua por qualquer menino desses. O senhor é policial ?
- Não, sou monitor.
E a orientadora entra na instituição.
Ali naquela mesma portaria se encontrava uma humilde senhora, talvez uma mãe que fora levar roupas para um menor, o discurso da orientadora, fez com que os olhos dessa senhora brilhassem , como quem quisesse chorar, e não acredito que tenham sido de alegria e sim de tristeza por ver como o filho que ela amou e ama, é visto, como um ser desprovido de qualquer coisa boa.
Um comentário:
Experiências...
Nossas experiências, e como aprendemos com elas!
Um bom texto.
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